RCD2363– Raios ou Chamas
NÃO HÁ LUGAR PARA AS REGRAS
Por Geoffrey Hoppe
novembro 2020
O Mestre dirigiu-se à sala de aula para ensinar uma de suas matérias favoritas, mas mais desafiadora. Hoje ele conversaria com os alunos sobre “Regras Que Não São Suas – Como viver como um mestre livre em uma sociedade altamente regulamentada.”
Cerca de 40 alunos foram reunidos no pavilhão ao ar livre no campus da escola. O pavilhão era cercado pela beleza da natureza, com árvores altas, folhagens coloridas, grama exuberante e uma abundância de vida selvagem local. Os pássaros, esquilos e coelhos estavam todos ocupados em busca de comida, sem prestar atenção ao Mestre e aos humanos reunidos no pavilhão.
Os alunos estavam estranhamente quietos esta manhã quando o Mestre entrou. Ele se aproximou do púlpito e fez um sinal com a mão para indicar que era hora de desligar os telefones celulares. Ninguém precisava fazer nada; eles já sabiam que o Mestre tinha tolerância zero para interrupções telefônicas durante suas palestras.
Os infratores foram rapidamente convidados a sair e se livrar de seus smartphones durante a inscrição na Escola de Mistérios. Alguns se rebelaram contra essa regra, mas a maioria não quis enfrentar o confronto porque não era tão importante. Não faz sentido desperdiçar munição emocional em algo tão relativamente insignificante como um telefone celular.
A primeira regra do dia foi posta em prática sem comoção.
“Imagine um mundo cheio de seres soberanos”, começou o Mestre.
“Haveria necessidade de regras?”
Nenhum aluno respondeu, seja por saber que se tratava de uma pergunta retórica, seja por temer a humilhação de dar a resposta errada.
Depois de uma longa pausa sem respostas, o Mestre perguntou: “Quais são as principais diretrizes do espírito?”
Alguns novos alunos levantaram as mãos ansiosamente. Os veteranos se mantiveram quietos. O Mestre acenou com a cabeça para Dennis dar uma resposta. “O amor é a solução para o planeta?” Era mais uma pergunta do que uma resposta. O Mestre revirou os olhos e tomou um gole de seu cappuccino. Ele ignorou a resposta de Dennis e passou para o próximo aluno ansioso.
“Todos nós viemos da Grande Unidade”, respondeu Silvia com um ar de autoridade. “Somos Um”, acrescentou ela, como se recitasse um mantra da Nova Era. O Mestre parou por um momento, como se para contemplar sua resposta.
“Silvia,” ele perguntou, “O que isso soa para você? Você quer vir da Unidade e retornar à Unidade?”
“Sim, Grande Mestre. Eu Sou Um com a Deusa Feminina, Mãe de nascimento de nosso Universo Sagrado. Meu Destino é retornar ao Conforto de Seu Abundante Seio.”
O Mestre podia realmente ouvir as letras maiúsculas de certas palavras enquanto falava, como se essas palavras que saíam de sua boca fossem designadas como sagradas. Ela era obviamente uma nova aluna, provavelmente vindo de um grupo da Nova Era como The Divine Sisterhood of Infinite Dogma (A Irmandade Divina do Dogma Infinito).
Um jovem estudante entrou na conversa do fundo da sala. “Quão abundante é seu seio?” A sala se encheu de risadinhas e risos da maioria dos alunos. A própria Silvia carecia nessa área de abundância física, então o humor de seu pensamento positivo não se perdeu no grupo. O Mestre ignorou a distração e continuou.
Mark foi o próximo a tentar uma resposta à pergunta do Mestre. Mark estava na Escola de Mistérios há quatro meses, vindo para a escola depois de abandonar os estudos para obter o doutorado em Filosofia.
“Mestre, a Primeira Diretriz do Espírito é obedecer à Primeira Diretriz do Espírito.” O Mestre quase cuspiu seu cappuccino com essa resposta. Somente um estudante de filosofia poderia tornar as coisas ainda mais confusas do que já estavam. Ele sabia que não deveria prosseguir com a discussão porque Mark levaria a classe inteira para uma toca de coelho esotérica sem fundo.
continua
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