PLV3112 – Livro 22 – Diário, 15/03/2020
15/03/2020
Achamos que somos donos do tempo. Achamos que somos donos da verdade. Geralmente o ser humano se tem como muito mais do que realmente é. Isso precisa ser delineado sempre no singular: “eu sou aquilo que sou”. Nada mais que isso. Ninguém se lembra das realidades da vida, apenas das projeções que faz de si mesmo. Isso, geralmente, lhe tira a possibilidade de perquirir e pesquisar aquilo que escapa da sua percepção de si mesmo. Os que se julgam ser quem não são, muito provavelmente também nem se preocupam com sua parte que subsiste à morte do corpo, porque a morte do corpo, ao menos todos a têm como certa, e também não têm como negá-la. O que sobra da grandeza que gostaria de ter, da empáfia, do ego coroado, do orgulho em que se apresentando quem, não é? Todos acompanham aquele que partiu antes deles. São todos envoltos no mesmo envelope de madeira? O que vão sentir quando acordar do outro lado da vida, e sentir-se nu tal qual quando desce à matéria. As glórias dadas aos mortais, sempre os acompanham dentro do mesmo caixão, porque o que vale do outro lado da vida, na vida após a vida, é a essência que a morte não pode levar, apenas o acompanha suas boas obras em prol de seus irmãos, sem auscultar-lhe seus intentos e interesses. E esse é o único tempo que podemos levar, porque foi baseado na verdade.
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